terça-feira, 2 de dezembro de 2008

EM HOMENAGEM AO ZÉ DAS FLORES

É sempre humano esperar que as coisas acabem bem. Não desejamos conscientemente a tragédia, o caos, as dores que fazem o sol lançar seu brilho para o lado oposto daquele onde inquietamente caminhamos e, por isso, às vezes tateamos no escuro, querendo tocar em algo familiar que nos permita deduzir que ainda estamos no mundo.

Os que abrem mão da estabilidade aparente que há no equilíbrio dos sentimentos e das palavras, e que, por essa causa, chamamos de loucos, tantas vezes conseguem encontrar um caminho, e nele permanecem até o fim, sem demonstrar desespero ou sofrimento quando as notícias trágicas chegam aos seus ouvidos. Talvez a causa de não haver angústia no íntimo dessas pessoas é porque na verdade elas não ouvem ou vêem as coisas do mesmo como nós as ouvimos e vemos.

Nesse ponto, cabe uma criteriosa análise do comportamento humano desviado, marginal, para chegarmos a um bom termo nessa longa jornada em busca da ausência de perturbação filosófica que julgamos existir no semblante dos loucos como produto de inexistir, de fato, algum sofrimento em seu alienado coração.

Muitos buscam a serenidade no mundo das artes. Foi assim que conheci um homem chamado Péricles, alcunhado de Zé das Flores porque suas telas traziam unicamente flores, rosas e afins.

Um pintor de qualidade razoável que jamais ganhou qualquer prêmio pelas suas obras. Todavia, julguei ser ele o elemento perfeito para a investigação que me dispus a realizar, porque, mesmo no ato de sua morte, Zé das Flores demonstrou uma tranqüilidade assombrosa, partindo deste mundo com um sorriso esboçado no rosto, como se quisesse dizer: “estou indo encontrar minhas flores...”

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