quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

POR UMA NOVA POESIA

a partir desse exato momento
decido não mais tentar ser profundo,
clássico, cartesiano, dialético ou metafísico
nas coisas a serem ditas poeticamente...
porque, de fato, as coisas mais simples,
as que preenchem a superficialidade da vida,
que causam menos angústia ou sofrimento,
e a nenhuma reflexão mais grave remetem,
são o que realmente, no fim de tudo, importam.
diga a alguém que rompeu em definitivo
com o único amor de sua vida
que ele precisa atentar para a desconstrução
dos conceitos tradicionais da filosofia
presente na filosofia de Jacques Derrida,
(tão importante para a existência dos homens
que ele próprio morreu sem entendê-la...)
e esse pobre coitado, sofredor e humano,
responderá, com toda a força de seu
quebrado coração de homem: “vá se ferrar
seu poeta de merda, filósofo de excrementos!”
com certeza, meu caros amigos poetas,
nessa hora em que a amargura da alma
parece vazar de cada poro do homem comum,
será prudente, para o bem de nossa própria existência,
que falemos do sorriso, do abraço, das flores,
da fumaça dos cigarros, do leve ruído causado
pelo encontro dos dentes no primeiro beijo
e do rubor na face da menina quando o rapaz
lhe propôs: “vamos fazer amor?”
e então, poetas do mundo,
vamos fazer do amor nossa matéria-prima?

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